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A história chama-se “O Sarilho” e é o resultado de um trabalho totalmente independente, sem ligações a editoras, e cujo “principal objetivo é mesmo que seja lida de borla na Internet”, contou a autora à agência Lusa.

“Em termos de história, é sobre romanos do futuro que moram no Peso da Régua e que vão numa missão até Arouca para recuperar os destroços de um satélite, e acabam por dar quatro tiros num ‘alien’ e começar uma guerra. É uma história sobre guerra, conflito e principalmente cooperação a longo prazo”, disse Shizamura.

A autora começou a publicar regularmente as páginas de “O Sarilho” na Internet em 2016, mas foi procurando financiamento em ‘crowdfunding’ para edição dos capítulos em papel, para apresentação em convenções de BD.

“Gosto da ideia de disponibilizar as coisas gratuitamente e depois quem estiver interessado [apoia]. Há pessoas que depois não vão conseguir apoiar financeiramente, mas não é por isso que os devo privar da história. Acho que se consegue atingir mais pessoas neste formato” digital, explicou.

O terceiro pedido de angariação de verbas por ‘crowdfunding’ foi lançado no final de março, e a autora não esperava tanta adesão, porque já superou em mais de 200% o objetivo inicial de atingir os 1.000 euros.

“Na Internet uma pessoa tem aquela gratificação instantânea, de colocar ‘online’ e ter logo uma reação. ‘O Sarilho’ demorou um bocado a crescer até hoje, não é um fenómeno, mas vai dando para alimentar o ego”, contou a autora.

Shizamura é o pseudónimo artístico de Alda Canito, uma investigadora em Engenharia Informática, de 32 anos, a viver na região do Porto, “que está a perder os cabelos com o doutoramento, e quando não faz isso faz BD”.

A autora recordou que as primeiras tentativas de fazer banda desenhada surgiram nos tempos de faculdade, mas foi só com “O Sarilho” que estruturou uma história. Segundo o planeamento traçado, terá trabalho para mais uma década.

“O Sarilho” passa-se numa realidade em que as personagens vivem num país chamado Lusitânia, que consegue escapar à anexação da Imperial Medita Augusta, um império banhado pelas águas do Mediterrâneo.

Na história há três irmãos que têm de ir a território inimigo recolher os destroços de um antigo satélite e dão de caras com seres alienígenas, iniciando, inadvertidamente, uma guerra.

Sobre “O Sarilho”, Shizamura reconhece influências visuais da BD japonesa, mas tudo o resto resulta de uma amálgama de leituras desde a infância.

“Eu gosto muito de histórias, gosto muito de ler um bocadinho de tudo, sempre fui muito agarrada aos livros, e chega a uma fase uma pessoa tem de contar uma história também. Por isso, acho que a banda desenhada é o casamento perfeito”, explicou.

Shizamura recorda-se de ter lido tudo de Astérix – “que era o que havia na biblioteca da escola” –, muita BD japonesa, muita ficção científica, muita literatura portuguesa, em particular José Saramago.

Por isso, argumenta que a história só podia ser portuguesa e ligada a Portugal. “É sarilho, porque é nisso que eles [as personagens] estão metidos”.

Por causa do doutoramento, Alda Canito reconhece que ainda não é tempo de fazer contactos com editoras de BD, e sabe que “O Sarilho” não é um projeto imediato: “Estou a fazer uma série comprida, cada volume depende do anterior, se fosse mais episódica as editoras estariam mais interessadas, mas eu não quero mudar”.

Lamenta não estar em contacto com mais autores e artistas portugueses de banda desenhada, mas em compensação, “na Internet, acaba-se por ficar em contacto com o mundo inteiro”.

Quem ajudou a financiar a edição em papel por ‘crowdfunding’ terá acesso antecipado ao final do sexto capítulo, cujas páginas serão reveladas online, em outubro próximo.

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